Circo com foco social é barrado por erro da Prefeitura
ILHA SOLTEIRA/SP

Um erro de gestão da Prefeitura de Ilha Solteira causou prejuízos a um circo itinerante com foco em inclusão social, gerou tensão com autoridades locais e forçou o remanejamento emergencial da estrutura já montada. A responsável pelo grupo, a comunicóloga e artista Jeniffer Lavalovich, de 36 anos, denunciou desorganização, desrespeito e abuso de autoridade.
O circo havia solicitado o uso de um terreno próximo à rodoviária e ao hospital regional e recebeu autorização assinada por um secretário municipal. Com o documento, a trupe iniciou a montagem no domingo (25), mas foi surpreendida por um fiscal da própria Prefeitura, que proibiu a instalação alegando que a área não estava liberada — mesmo diante da autorização oficial.
Autorização sem consulta jurídica
A confusão revelou uma falha grave da administração: a autorização foi concedida sem consulta ao setor jurídico e contrariava a legislação municipal, que proíbe eventos próximos a hospitais. O secretário de gabinete que assinou a liberação admitiu desconhecer a norma. O terreno, além disso, é uma das últimas áreas verdes preservadas da cidade.
A reportagem tentou contato com o secretário, que não atendeu às ligações nem respondeu às mensagens até o fechamento desta matéria.
Críticas no Legislativo
O caso gerou indignação na Câmara Municipal. O vereador Ricardo da Band (MDB) criticou a gestão municipal: “O prejuízo é responsabilidade direta do prefeito. Uma gestão séria não emite autorização ilegal”, afirmou. Ele relatou que tentou alertar o grupo sobre a irregularidade, mas foi hostilizado por pessoas ligadas ao circo. “Em nenhum momento agi com violência, apenas quis evitar um prejuízo maior”, explicou.
Segundo o vereador, a autorização deveria ter partido do prefeito, com respaldo jurídico, e não de um secretário.
Deslocamento forçado e impacto financeiro
Com a proibição, o grupo teve de desmontar a estrutura e transferi-la para um terreno no Jardim Aeroporto, próximo ao antigo aeroclube. A mudança gerou custos imprevistos e exigiu nova divulgação do espetáculo. Até a manhã de quinta-feira (29), o local ainda não contava com água nem energia elétrica, serviços que precisam ser solicitados com sete dias de antecedência.
Circo inclusivo e acessível
Jeniffer ressaltou que o projeto tem foco na inclusão: ela, o marido e os dois filhos têm laudos de autismo e TDAH, assim como parte da equipe. “Nosso som é mais baixo, o ambiente é adaptado. Trabalhamos com respeito às diferenças e trocamos ingressos por alimentos para o Fundo Social. Fomos recebidos com desinformação, desrespeito e nos trataram como cachorros”, desabafou.
Apesar das dificuldades, o grupo manteve a estreia para esta sexta-feira (30), no novo endereço. As sessões são voltadas à inclusão e acessibilidade para todos os públicos.
Por Guilherme Renan.
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